domingo, 9 de março de 2014

TEMPO DA QUARESMA

QUARESMA

 A LUTA ENTRE O CARNAVAL E A QUARESMA (1559)  
Pieter Bruegel (1564-1638) — Kunsthistorisches Museum, Viena


O Tempo da Quaresma é o período do ano litúrgico que antecede a Páscoa cristã, sendo celebrado por algumas igrejas cristãs, dentre as quais a Católica , a Ortodoxa, a Anglicana , a Luterana .
A expressão Quaresma é originária do latim, "quadragesima dies" (quadragésimo dia). O adjetivo referente a este período é dito quaresmal ou, mais raro, quadragesimal.
Em diversas denominações cristãs, o Ciclo Pascal compreende três tempos: preparação, celebração e prolongamento. A Quaresma insere-se no período de preparação.
Os serviços religiosos desse tempo intentam a preparação da comunidade de fiéis para a celebração da festa pascal, que comemora a ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte, conforme narrados nos Evangelhos.
Esta preparação é feita através de jejum, abstinência de carne, mortificações, caridade e orações.
A separação do Carnaval e o período da Quaresma inspira um vasto grupo de tradições folclóricas, algumas oriundas de ritos anteriores ao Cristianismo referentes ao pouso do inverno e do posterior renascimento primaveril da terra, no hemisfério norte .

Tempo da Septuagésima

Em alguns ritos e denominações cristãs, o período de preparação para a Páscoa inicia 17 dias antes da Quarta-feira de Cinzas, chamado Tempo da Septuagésima. Neste tempo de preparação remota, a liturgia apresenta a criação, elevação e queda do homem. Este tempo inicia com o Domingo da Septuagésima, abrange os domingos da Sexagésima e Quinquagésima, até a Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma.



Quarenta dias

TENTAÇÃO DE CRISTO (1663) 
Philips Augustijn Immenraet (1627–1679) — Museu João Paulo II, Varsóvia.


"Quadragesima", expressão latina típica na liturgia, denomina o período de quarenta dias de preparação para a Páscoa e que alude ao simbolismo do número quarenta com que o Antigo e o Novo Testamento representam os momentos salientes da experiência da fé da comunidade judaica e cristã.
Em seu simbolismo, este número não significa um tempo cronológico exato, ritmado pela sequência de dias; mas uma representação sociocultural de um período de duração significativa para uma comunidade de crentes.
Na Bíblia, o número quarenta aparece em diversos momentos significativos, a saber:

Antigo Testamento

Na história de Noé (Gênesis 7:4-12 e Gênesis 8:6), durante o dilúvio, é o tempo transcorrido na arca, junto com a sua família e com os animais. Após o dilúvio, passarão mais quarenta dias antes de tocar a terra firme.
Na narrativa referente a Moisés, é o tempo de sua permanência no monte Sinai – quarenta dias e quarenta noites – para receber a Lei (Êxodo 24:18). 
Quarenta anos dura a viagem do povo judeu do Egito para a Terra prometida (Deuteronômio 8:2-4). 
No Livro dos Juízes, refere-se a quarenta anos de paz de que Israel goza sob os Juízes (Juízes 3:11).
O profeta Elias leva quarenta dias para chegar ao monte Horeb, onde se encontra com Deus (I Reis 19:8).
Os cidadãos de Nínive fazem penitência durante quarenta dias para obter o perdão de Deus (Jonas 3:4-5).
Quarenta anos duraram os reinados de Saul (Atos 13:21), de Davi (II Samuel 5:4-5) e de Salomão (I Reis 11:42), os três primeiros reis de Israel.
O simbolismo do número quarenta também está presente em Salmos 95:10, referindo-se aos número de anos que o povo judeu caminhou pelo deserto.

Novo Testamento

Jesus foi levado por Maria e José ao Templo, quarenta dias após o seu nascimento, para ser apresentado ao Senhor (Lucas 2:22). Este período de quarenta dias era determinado pela lei judaica, quando uma mulher desse à luz a um filho homem. Foi a soma dos dias para a circuncisão de Jesus, após o parto, mais o período para a purificação de Maria. Só então ela poderia entrar no santuário (Levítico 12:2-4).
Jesus, antes de iniciar a sua vida pública, retira-se no deserto por quarenta dias e quarenta noites, sem comer nem beber (Mateus 4:2; Marcos 1:13 e Lucas 4:1-2).
Durante quarenta dias Jesus ressuscitado instrui os seus discípulos, antes de subir ao Céu e enviar o Espírito Santo (Atos 1:1-3).

Igreja Católica



Na Igreja Católica, o Tempo da Quaresma decorre desde a Quarta-feira de Cinzas até a missa vespertina da Quinta-Feira Santa inclusive, com que se inaugura o Tríduo Pascal. A semana que precede a Páscoa é chamada pela tradição de Semana Santa.
Antes da reforma litúrgica pós-conciliar, havia ainda os períodos denominados quinquagésima, sexagésima e septuagésima.

Tempo de penitência, oração e conversão



O Papa Bento XVI, na Audiência Geral de Catequese, no dia 22 de Fevereiro de 2012, sobre o significado litúrgico dos "quarenta dias da Quaresma", assim definiu:
“Trata-se de um número que exprime o tempo da expectativa, da purificação, do regresso ao Senhor e da consciência de que Deus é fiel às suas promessas.” 
No que se refere aos dias e tempos de penitência, o Código de Direito Canônico da Igreja Católica prescreve todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma (Cân. 1250)  .
Na disciplina católica, todos os fiéis, cada qual a seu modo, têm obrigação de fazer penitência. Prescreve-se, neste contexto disciplinar, que nos dias de penitência os fiéis de modo especial se dediquem à oração, exercitem obras de piedade e de caridade, se abneguem a si mesmos, cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abstinência, segundo as normas do Direito Canônico (Cân. 1249) .
Os fiéis são exortados a guardarem a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades. Os fiéis devem seguir o preceito da abstinência e do jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo (Cân. 1251)12 .
A obrigação do cumprimento da lei da abstinência recai sobre os maiores de treze anos. Estão sujeitos à lei do jejum todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. A norma canônica insiste que todas as pessoas, mesmo as dispensadas da lei da abstinência e do jejum, sejam formadas no sentido genuíno da penitência (Cân. 1252)12 .
Após a reforma conciliar a adaptação das práticas de penitência nos diversos lugares do mundo, ficou sob a responsabilidade das conferências episcopais. Estas “podem determinar mais pormenorizadamente a observância do jejum e da abstinência, e bem assim substituir outras formas de penitência, sobretudo obras de caridade e exercícios de piedade, no todo ou em parte, pela abstinência ou jejum” (Cân. 1253).

Liturgia quaresmal

Quarta-feira de Cinzas
A liturgia da Quarta-feira de Cinzas (Feria quarta cinerum, em latim) abre o tempo da Quaresma, não se dizem o Glória, nem o Creio, na missa. O nome vem das cinzas que nesse dia são bentas e impostas na cabeça dos fiéis, como símbolo da vida efêmera e passageira e convite à penitência.
O rito da bênção das cinzas realiza-se na quarta-feira que precede o primeiro domingo da Quaresma, antes da missa principal, para logo em seguida, e durante todo o dia, ser imposta aos fiéis que o pedirem. A cinza é proveniente dos ramos bentos do Domingo de Ramos do ano anterior. A imposição se faz no alto da cabeça, em forma de cruz acompanhada de uma das seguintes das admoestações:
– ...arrependei-vos e crede no Evangelho. (Marcos 1:15)
– ...porquanto tu és pó, e em pó te hás de tornar. (Gênesis 3:19)
Não é necessário que o rito da bênção e imposição das cinzas seja unido à missa; pode ser celebrado sem missa.

Domingos e solenidades

A Tempo da Quaresma tem seis domingos, que são chamados de I, II, III, IV, V e Domingo de Ramos da Paixão (VI). Esses domingos têm sempre precedência, mesmo sobre as festas do Senhor e sobre qualquer solenidade9 .
As solenidades de São José (19 de março) e da Anunciação do Senhor (25 de março), assim como outras possíveis solenidades dos calendários particulares, são antecipadas para o sábado ou são adiadas para a segunda-feira, caso coincidam com esses domingos9 .
Nos domingos da Quaresma não se canta ou recita o hino do Glória, nem se canta ou recita o Aleluia; faz-se, porém, sempre se faz a profissão de fé .
O quarto domingo da Quaresma é denominado Domingo Laetare, assim chamado pela primeira palavra do introito em latim: Laetare Jerusalem (Alegra-te, Jerusalém!). Os paramentos da missa e do ofício solene podem ser rosáceos .
O sexto domingo da Quaresma é denominado Domingo de Ramos (Dominica palmarum, em latim), domingo que precede a festa da Páscoa, assim chamado porque antes da missa principal se realiza a bênção dos ramos, seguida de procissão.

Cores litúrgicas da Quaresma



A cor litúrgica do Tempo da Quaresma é o roxo; para o 4º domingo, chamado domingo da alegria, é permitido o uso da cor rosa. No Domingo de Ramos, a cor das vestes litúrgicas do celebrante é a vermelha (IGMR, n. 346) .

As cores litúrgicas e seus significados

Vamos conhecer quais e seus significados para melhor celebrarmos nossa Liturgia. 
São seis as cores litúrgicas: branco, vermelho, verde, roxo, rosa e preto. Cada Tempo Litúrgico tem a sua cor específica, que são usadas nos Paramentos dos Sacerdotes.

PRETO: Simboliza o luto, a dor. É usada na missa pelos mortos. Hoje é pouco usada, sendo substituída pelo Roxo.

VERDE: Esta cor simboliza a esperança. É usada nos domingos e dias do Tempo Comum.

BRANCO: Simboliza a vitória, paz, alegria. É usada na Páscoa, Natal, nas festas do Senhor, de Nossa Senhora e dos Santos não-mártires.

VERMELHO: Simboliza o fogo do amor, da caridade e o sangue do martírio. É usada na festa de Pentecostes, lembrando o fogo do Espírito Santo. No Domingo de Ramos, na Sexta-feira da Paixão e na festa dos Mártires lembrando o sangue.
ROXO: Simboliza a penitência, recolhimento, serenidade. É usada no Tempo da Quaresma, no Tempo do Advento. É usada também nas Missas pelos mortos e no Sacramento da Confissão.

ROSA: Simboliza a alegria dentro de um tempo de penitência e recolhimento. É usada no Quarto Domingo da Quaresma (Laetare) e no Terceito Domingo do Advento (Gaudete).










Fonte:
Wikipédia, a enciclopédia livre.



VAzulA
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