quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mais alguma coisa sobre o poeta Serra Azul, meu avô paterno.


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06/12/2006


Um Poeta d’Aurora que o Ceará quase esqueceu
Nascido em Aurora no distante ano de 1893 o jovem Francisco Leite teve a desdita de perder os pais muito criança. Aliviou-lhe a orfandade a tia Maria Joana que aceitou a tarefa de dá-lhe a criação carinhosa.
O menino bastante vivaz cedo começou a despertar interesse pela poesia, o que chamou a atenção de Zezinho, Gavião e Bem-te-vi que desfrutavam de alguma fama como poetas locais e das redondezas.

Eles levavam para as cantorias principalmente nas farinhadas quando cantavam e tocavam ao som das rodas movidas por robustos sertanejos, num mister de moer a mandioca nos caitetos no feitio da farinha alva e cheirosa.

Ao completar 18 anos a inteligência nascente do menino fez percorrer municípios próximos e até outros mais distantes na função de “mestre-escola”, ensinando os jovens sertanejos o que aprendera na observação e no autodidatismo. Certo dia chegou ao Quixadá no sertão central cearense, cidade que aparecia como berço de valores intelectuais, - na terra dos monólitos -, Eurico Olímpio um já conhecido intelectual percebendo no jovem um talento inato, dedicou-lhe um soneto no seu livro: Perfis Quixadaenses, publicado em 1912, além disso, levou o rapaz para Fortaleza onde o apresentou a conhecido e prestigiosos intelectuais. Como Antonio Sales, José Albano, Rodolfo Theófilo e Demócrito Rocha, para citar apenas uns poucos da borbulhante geração de onde despertaram no final do século XIX, o que fizeram germinar a "Padaria Espiritual” movimento cultural de vanguarda surgido bem antes da semana de arte moderna de São Paulo.

Rodolfo Théofilo sabedor que Francisco Henrique Leite tiveram passagem pela Serra Azul então distrito de Quixadá onde casara com a musa sertaneja - Maria do Carmo Serra Azul.

Sugeri que passasse a chagá-lo de Serra Azul, apelido que lhe caiu como uma luva e o acompanhou por toda a vida.
O círculo dos amigos do agora jovem poeta Serra Azul se ampliava. Resolveram submete-lo a um verdadeiro banho de loja como agora se diz.

Vestiram-no com roupa da moda vigente e ainda por cima deram-lhe um chapéu e vistosa bengala.
Arranjaram-lhe ainda emprego na biblioteca pública o que lhe permitiu perfeita comunhão com os livros.

Quintino Cunha irrequieto advogado, jornalista e poeta entrevistando o moço de Aurora afirmou que não lhe daria um presente, pois um jovem tão esperançoso o que merecia era a garantia de um futuro brilhante. Depois perguntou: poeta o que mais o emocionou no ambiente intelectual da capital do Ceará? Modesto, Serra Azul respondeu: o que mais me emocionou foi ter visto um poeta de verdade!
Ao que Quintino ajuntou: Será que não tinha espelho em casa? Esse menino desconhecido de Aurora aos 21 anos publicou seu primeiro livro – Alfabeto das Musas, no qual homenageou as mulheres do Ceará de acordo com a primeira letra dos seus nomes. Assim, um poeta galante.

Do casamento com Maria do Carmo ficaram-lhe os filhos José Joza, Celso Serra Azul, Letícia, Luiz Eduardo, Albertina essa adotada que foi criada como filha e João Henrique Serra Azul... que desfruta de grande estima, esposo de Raimunda Ceará Serra Azul, amiga de todas as horas da Casa do Ceará em Brasília.
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João Henrique Serra Azul
Poeta e Advogado Aposentado
Filho do literato Serra Azul
Brasília - DF


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