quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A MARCA DE EDUARDO CAMPOS


A MARCA DE EDUARDO






Hoje, 14/08/2014, um dia após a fatídica tragédia, não se fala em partidarismos, tampouco em especulações sobre o rumos das eleições. Pernambuco está de luto e espera, dos seus, uma trégua nas divergências políticas. Mas há pelo menos um grande consenso quanto ao nome de Eduardo Campos: seu perfil agregador e tino para empreender projetaram o ex-governador ao rol das lideranças nacionais.

Foram duas gestões com geração de empregos e crescimento do PIB em escala ascendente, que somaram pontos extras ao currículo do neto de Miguel Arraes. Afinal, quando a economia vai bem, o resto vai também. Economista por formação e homem de negócios por vocação, ele sabia disso. Não escondia que a burocracia da máquina pública o incomodava. Soube colher os frutos plantados com a ajuda do governo anterior - Refinaria Abreu e Lima, Estaleiro Atlântico Sul, Hemobrás. Foi além e trouxe a Fiat, novos estaleiros (Vard Promar e CMO), o polo vidreiro encabeçado pela CBVP e outros tantos empreendimentos listados nas reuniões do Conselho Estadual de Política Industrial,

Comercial e de Serviços (Condic). Dinâmico, queria imprimir velocidade aos resultados, destravar os investimentos. Nem que para isso ligasse às 6h da manhã para seus secretários e assessores, como tantas vezes confidenciaram a nós, jornalistas, companheiros de bastidores. Ambicioso, sim; tanto que conseguiu como poucos atrair partidos e empresários para seus projetos (e não foi por conta dos “olhos verdes”, como diz o ditado popular).

A industrialização e interiorização dos empreendimentos marcaram os sete anos em que esteve à frente do cargo que renunciou, no dia 4 de abril, para disputar a Presidência da República. De 2007 a 2013, o Programa de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco (Prodepe) atraiu investimentos da ordem de R$ 18,5 bilhões, contabilizou 714 projetos industriais. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que foram 496.677 empregos com carteira assinada registrados no mesmo período.

Em um ano como o de 2010, quando o mundo inteiro ainda se equilibrava depois da crise do subprime nos Estados Unidos, Pernambuco ostentou um crescimento do PIB de 9,9%. Não demorou para o então governador pernambucano ganhar destaque em veículos internacionais de peso, como The Economist, Financial Times, Forbes. Não vivemos em céu de brigadeiro, é verdade. Existe muito o que avançar em educação, saúde, qualificação de mão de obra - a grande queixa desses empreendedores que pairam por aqui. Mas Eduardo soube imprimir sua marca e, nos últimos meses, encarava o projeto nacional como de “viabilidade”.

Esta era uma palavra frequentemente usada por sua equipe e as expectativas vinham crescendo à medida em que ele participava de eventos, programas de TV, apesar da necessidade de subir nas pesquisas de opinião. Saiu de sua última entrevista, ao Jornal Nacional, otimista por ter respondido com segurança a perguntas sobre temas que envolviam inflação, Custo Brasil, juros, empregabilidade, balança comercial. Encerra sua participação na campanha e na vida bruscamente, sem direito a despedidas. Acreditassem ou não no seu projeto, o sentimento é de orfandade.

Homenagens

Incontáveis as notas de pesar que chegaram à coluna, partindo de entidades nacionais, bancos e empresas. Entre elas, destaco os pêsames de Luciano Coutinho, presidente do BNDES; da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que tem Josias Albuquerque como vice-presidente; de Ricardo Essinger, presidente da Fiepe; do Porto Digital; da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) etc. Vale lembrar que o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou ontem em queda de 1,53%.








Por Bruna Siqueira Campos
Foto: Andréa Rêgo Barros/SEI




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